O Fermando - Parte II

Na Escola, entre colegas, vizinhos e amigos, a felicidade transparecia do seu e nossos rostos.
Primórdios dos anos 60, já tardinha, em dia de Entrudo!...
Éramos uma boa meia dúzia de cachopos, sempre na mira de fazer (o tal) mal.
Uns tostões no bolso, conseguidos à custa de uns recados, deu para comprar uma boa dúzia das tais bichinhas, na loja do Santónio.

O Fernando, o mais velho, o suposto líder, mais sabido e malandro de todos os outros, serve de fiel depositário de tais minúsculos mas mágicos cilindros de rabiar.
Uns tantos, nos bolsos das calças, outros na cami-sete.
Preparava-se a fogueira da noite, com crianças e adultos atarefados, ora no corte e transporte dos silvados, ora no acondicionamento e preparação da dita cuja.
E o Fernando lá fez das suas... Um tanto ou quanto às escondidas, lança uma bicha de rabiar, pondo tudo e todos em alvoroço.
Pouco tempo depois, tenta repetir a cena mas, ao sentir-se descoberto, disfarça e mete o rastilho apagado à pressa no bolso superior, onde, de resto guardava os tão apetecíveis pirilampos-andantes. imprevidência, distracção fatal!... Poucos segundos depois, bem ao jeito dos telemóveis de hoje, o seu bolso começa a vibrar em todas as direcções e sentidos, num efervescendo, tão impressionante quanto perigos.
Valeu-lhe a pronta intervenção dos circundantes que o enfiaram, a corpo inteiro, numa pequena levada do leito do rio Ferreira, a dois passos dalí.
Mas foi-se a camisa e ficaram umas tantas queimaduras na pele daquele corpo, já de si, tão franzino, algo mesmo fragilizado.
Dos pais, uma boa "coça" e a reprimenda de um castigo maior em caso de reincidência.
Para nós outros, muito mais miúdos, o aviso, a lição do costume.
Traquinices, diabruras de infância, próprias ou, mesmo, impróprias...
Do malandreco do Fernando... e seus comparsas!