SER POETA AQUI: PAÇOS DE FERREIRA
2007
Ora, se Paços de Ferreira foi o nosso berço, será, sem dúvida, o princípio do nosso universo. E depois, ser poeta passa então pela capacidade de conseguir fazer, através das palavras e da sua música, chegar até aos outros esta força de sentir. Sentir em grande, as coisas pequenas.
Ser poeta, passa por entender a poesia. Diria, mesmo, que a poesia é das partes mais belas da realidade. E atrever-me-ia, ainda, a dizer que poesia é tudo aquilo que fala sem linguagem!
Paços de Ferreira deve orgulhar-se dos filhos que tem. Sobretudo, daqueles que conseguem ver sem olhar. Ver com os olhos da alma!
Para os poetas muitas coisas passam por aí, pelos olhos da alma, como a beleza, por exemplo. A beleza como a arte não tem mais nem menos; aliás, para os poetas, tudo e todos têm alguma coisa de belo; o resto, pertence à qualificação relativa do belo para cada pessoa. E poesia é arte... Arte de entender por dentro a beleza das coisas.
Só o poeta consegue ser amante do belo e mártir do seu amor. Porque só ele "sofre", como ninguém, a dor de sentir "as alegrias do prazer atroz desse Amor..."
Mas como dizia, ser poeta, é antes de tudo sentir. É por isso que "somos poetas quando somos e não quando queremos". E ser poeta passa também por ser Homem. "Somos poetas quando fazemos poesia e não quando escrevemos. Somos poetas quase sempre e não o sabemos. Somos poetas quando amamos". E só o Homem (leia-se: o Ser Humano) tem capacidade para amar, isto é, armazenar e dar amor.
Por isso digo que "é manancial de amor que se perde, quando o poeta se veste de verde" (entenda-se: farda bélica).
O poeta está maduro quando, depois de crescer, caminha no tempo, sozinho, quer dizer, quando troca o amor individual, egoísta, sensual, pelo amor ambiental, altruísta, social... este, sem dúvida, mais sublimado porque mais completo, e mais completo porque mais virado para os outros. A esta metamorfose do poeta corresponde uma passagem dum linguajar concreto e sem grande profundidade, nem reflexão, para um linguajar mais profundo, reflectido, enfim, como disse, mais sublimado. Na fase da "ilusão" o poema é curto, porque o pensamento é breve e o sentimento "leve". Nada é levado longe demais. O pensamento não traz até à folha do papel a raiz do sentimento, do problema. E tudo aquilo que era suposto o poeta explicar, resolver, tratar... fica suspenso no ar. Não seria fase da "ilusão" se assim não fosse!...
Penso que não falta a nenhum poeta, como a todos aqueles que pensam, o inferno de sentir as contradições internas à medida que caminha no tempo. Este é o sinal mais palpável do amadurecimento. São estes safanões que nos fazem sentir depois mais poetas ou qualquer outra coisa melhor. Aqui o poeta entra na fase "adulta", onde o sonho se mantém, mas a ilusão, não. O poeta deixa de o ser, quando perde a sua capacidade de sonhar. Mas, também, nunca o será verdadeiramente, se não tiver passado por essa fase do "engano ardente" que faz os sentidos, de qualquer espírito poético, tomai* a aparência pela realidade, a que chamamos: fase da ilusão.
Penso que, tal como já foi dito, toda a arte tem o seu belo, depois disso tudo depende de três pólos: centro emissor - o autor da obra, a sua maneira de entender as coisas; meio emissor - a obra e a sua mensagem, a maneira como a exprime; centro receptor - aquele que tem contacto com a obra, que pode ver o mundo diferente ou igual, a mensagem pode tocar-lhe ou não. Mas uma coisa é certa: valor daquilo que se sente, não pode ser tirado por ninguém - é Arte.
Aquilo que escrevemos, porque o sentimos, faz parte de nós, falam de nós, mesmo em relação aos outros. Eis porque sempre que se escreve poesia o conteúdo deve corresponder ao que se sente. E o que se sente é o que nos corre nas veias. Nas veias corre a força que nos faz escrever. Se a palavra que se escreve é "dura", então deve fazer "barulho", caso contrário, cai-se num artificialismo poético, muito próprio dos verdadeiros profissionais. E um poeta deve ser tudo menos isso. O estado anímico dum poeta deve ser sempre a dum verdadeiro amador, nunca a dum profissional. Se o seu estado interior é de depressão, então bote cá para fora todo o sofrimento que lhe vai na alma. Mas se for de euforia, que sejam de júbilo suas palavras.
Não sei com que direito deixo correr esta tinta no que escrevo. Com que autoridade? Sou apenas um leitor que tem a sua concepção de belo e uma humilde opinião. Por isso tudo aquilo que digo, seja aceite, sim, mas muito relativamente.
Penso que dei o meu conceito de belo e de arte. Só não dei aquela lição de vida que queria, àqueles que tanto espezinham, menosprezam e dizem mal dos poetas, enquanto estes são vivos e depois de mortos tanto os sublimam, citam e enchem de honrarias.
Para finalizar gostaria de lançar aqui o meu "grito do ipiranga" que é como quem diz, largar a rédea da minha consciência, ou voz do meu pensamento e dizer:
Poetas de Paços, uni-vos. E todos juntos, lutai pela dignidade da vossa terra, para que esta, um dia, vos dignifique! Porque se a principal tarefa de qualquer poeta é amar, a sua única exigência é que seja amado!
Ser poeta, passa por entender a poesia. Diria, mesmo, que a poesia é das partes mais belas da realidade. E atrever-me-ia, ainda, a dizer que poesia é tudo aquilo que fala sem linguagem!
Paços de Ferreira deve orgulhar-se dos filhos que tem. Sobretudo, daqueles que conseguem ver sem olhar. Ver com os olhos da alma!
Para os poetas muitas coisas passam por aí, pelos olhos da alma, como a beleza, por exemplo. A beleza como a arte não tem mais nem menos; aliás, para os poetas, tudo e todos têm alguma coisa de belo; o resto, pertence à qualificação relativa do belo para cada pessoa. E poesia é arte... Arte de entender por dentro a beleza das coisas.
Só o poeta consegue ser amante do belo e mártir do seu amor. Porque só ele "sofre", como ninguém, a dor de sentir "as alegrias do prazer atroz desse Amor..."
Mas como dizia, ser poeta, é antes de tudo sentir. É por isso que "somos poetas quando somos e não quando queremos". E ser poeta passa também por ser Homem. "Somos poetas quando fazemos poesia e não quando escrevemos. Somos poetas quase sempre e não o sabemos. Somos poetas quando amamos". E só o Homem (leia-se: o Ser Humano) tem capacidade para amar, isto é, armazenar e dar amor.
Por isso digo que "é manancial de amor que se perde, quando o poeta se veste de verde" (entenda-se: farda bélica).
O poeta está maduro quando, depois de crescer, caminha no tempo, sozinho, quer dizer, quando troca o amor individual, egoísta, sensual, pelo amor ambiental, altruísta, social... este, sem dúvida, mais sublimado porque mais completo, e mais completo porque mais virado para os outros. A esta metamorfose do poeta corresponde uma passagem dum linguajar concreto e sem grande profundidade, nem reflexão, para um linguajar mais profundo, reflectido, enfim, como disse, mais sublimado. Na fase da "ilusão" o poema é curto, porque o pensamento é breve e o sentimento "leve". Nada é levado longe demais. O pensamento não traz até à folha do papel a raiz do sentimento, do problema. E tudo aquilo que era suposto o poeta explicar, resolver, tratar... fica suspenso no ar. Não seria fase da "ilusão" se assim não fosse!...
Penso que não falta a nenhum poeta, como a todos aqueles que pensam, o inferno de sentir as contradições internas à medida que caminha no tempo. Este é o sinal mais palpável do amadurecimento. São estes safanões que nos fazem sentir depois mais poetas ou qualquer outra coisa melhor. Aqui o poeta entra na fase "adulta", onde o sonho se mantém, mas a ilusão, não. O poeta deixa de o ser, quando perde a sua capacidade de sonhar. Mas, também, nunca o será verdadeiramente, se não tiver passado por essa fase do "engano ardente" que faz os sentidos, de qualquer espírito poético, tomai* a aparência pela realidade, a que chamamos: fase da ilusão.
Penso que, tal como já foi dito, toda a arte tem o seu belo, depois disso tudo depende de três pólos: centro emissor - o autor da obra, a sua maneira de entender as coisas; meio emissor - a obra e a sua mensagem, a maneira como a exprime; centro receptor - aquele que tem contacto com a obra, que pode ver o mundo diferente ou igual, a mensagem pode tocar-lhe ou não. Mas uma coisa é certa: valor daquilo que se sente, não pode ser tirado por ninguém - é Arte.
Aquilo que escrevemos, porque o sentimos, faz parte de nós, falam de nós, mesmo em relação aos outros. Eis porque sempre que se escreve poesia o conteúdo deve corresponder ao que se sente. E o que se sente é o que nos corre nas veias. Nas veias corre a força que nos faz escrever. Se a palavra que se escreve é "dura", então deve fazer "barulho", caso contrário, cai-se num artificialismo poético, muito próprio dos verdadeiros profissionais. E um poeta deve ser tudo menos isso. O estado anímico dum poeta deve ser sempre a dum verdadeiro amador, nunca a dum profissional. Se o seu estado interior é de depressão, então bote cá para fora todo o sofrimento que lhe vai na alma. Mas se for de euforia, que sejam de júbilo suas palavras.
Não sei com que direito deixo correr esta tinta no que escrevo. Com que autoridade? Sou apenas um leitor que tem a sua concepção de belo e uma humilde opinião. Por isso tudo aquilo que digo, seja aceite, sim, mas muito relativamente.
Penso que dei o meu conceito de belo e de arte. Só não dei aquela lição de vida que queria, àqueles que tanto espezinham, menosprezam e dizem mal dos poetas, enquanto estes são vivos e depois de mortos tanto os sublimam, citam e enchem de honrarias.
Para finalizar gostaria de lançar aqui o meu "grito do ipiranga" que é como quem diz, largar a rédea da minha consciência, ou voz do meu pensamento e dizer:
Poetas de Paços, uni-vos. E todos juntos, lutai pela dignidade da vossa terra, para que esta, um dia, vos dignifique! Porque se a principal tarefa de qualquer poeta é amar, a sua única exigência é que seja amado!